O interesse para que serve o canabidiol (CBD) nunca foi tão grande. Nos últimos anos, esse composto da cannabis ganhou espaço em consultórios médicos, pesquisas científicas e até nas conversas do dia a dia de pacientes em busca de alternativas naturais. Mas afinal, quais são os reais usos medicinais do CBD? Onde já temos evidências científicas sólidas? E como os profissionais de saúde podem prescrever esse composto de forma segura?
Neste artigo, vamos explorar de forma clara e detalhada os principais benefícios do canabidiol, os estudos mais relevantes e as possibilidades de uso em diferentes condições médicas.
O que é o canabidiol (CBD)?
O canabidiol (CBD) é um dos mais de 120 canabinoides presentes na planta Cannabis sativa. Diferente do tetrahidrocanabinol (THC), o CBD não é psicotrópico, ou seja, não causa alterações na percepção da realidade. No entanto, ele é psicoativo, pois interage com o sistema nervoso central e pode influenciar humor, ansiedade e sono.
O interesse médico em para que serve o canabidiol (CBD) se deve à sua ação moduladora no sistema endocanabinoide, um conjunto de receptores e neurotransmissores presente em todo o corpo humano, responsável por regular funções como dor, sono, apetite, inflamação e memória.
Como o CBD age no corpo humano?
O sistema endocanabinoide é formado principalmente pelos receptores CB1 e CB2. Enquanto os CB1 estão mais concentrados no sistema nervoso central, os CB2 aparecem em células do sistema imunológico e tecidos periféricos.
O CBD não se liga de forma direta a esses receptores, mas atua como modulador, influenciando a liberação de neurotransmissores e regulando a resposta do corpo a desequilíbrios. Além disso, ele age em outros sistemas, como receptores de serotonina (5-HT1A), envolvidos na regulação da ansiedade e do humor.
Essa ação ampla explica por que o CBD pode ser aplicado em diferentes condições clínicas.
Para que serve o canabidiol? Principais usos medicinais do CBD
A seguir, vamos detalhar os principais usos medicinais do canabidiol com base em evidências científicas e em sua aplicação clínica.
CBD para epilepsia
O uso de CBD na epilepsia refratária foi um dos primeiros a ganhar destaque científico. Estudos demonstraram que pacientes resistentes a medicamentos tradicionais tiveram redução significativa nas crises convulsivas com o uso do canabidiol. Nesse artigo você confere todas as informações sobre o uso da cannabis na epilepsia.
Tanto que hoje já existe um medicamento à base de CBD aprovado em diversos países, incluindo o Brasil, para epilepsia em síndromes específicas como Dravet e Lennox-Gastaut. Em São Paulo, pacientes com diferentes tipos de epilepsia podem se beneficiar da dispensação pública da cannabis, conheça como está a situação da cannabis no SUS.
Canabidiol para ansiedade
Outro campo em que o CBD tem se mostrado promissor é no tratamento da ansiedade. Pesquisas indicam que ele pode reduzir sintomas de ansiedade generalizada, fobia social e até ansiedade relacionada a falar em público.
O efeito parece estar ligado à ação do CBD em receptores de serotonina, promovendo uma sensação de equilíbrio emocional sem os efeitos colaterais de alguns ansiolíticos tradicionais.
Uso do CBD para insônia e distúrbios do sono
Pacientes com dificuldades para dormir também podem se beneficiar. O CBD ajuda na regulação do sono, reduzindo a latência (tempo para adormecer) e melhorando a qualidade geral do descanso.
Em alguns casos, doses menores podem ter efeito estimulante, enquanto doses mais altas tendem a favorecer o relaxamento e o sono profundo. Por isso, a orientação médica é fundamental para ajustar a dose.
CBD e dor crônica
A dor crônica é um dos motivos mais comuns de prescrição de cannabis medicinal. O CBD possui efeito analgésico e anti-inflamatório, atuando tanto em dores neuropáticas quanto em dores inflamatórias.
Estudos sugerem que a combinação de CBD com THC pode potencializar os efeitos analgésicos, mas mesmo o CBD já é utilizado em diferentes quadros de dor, especialmente em pacientes que não respondem bem a opioides ou anti-inflamatórios convencionais.
Canabidiol no tratamento de autismo (TEA)
O autismo (Transtorno do Espectro Autista) é outra área de grande interesse científico. Pesquisas iniciais mostram que o CBD pode ajudar a reduzir irritabilidade, agressividade, distúrbios do sono e crises de ansiedade em pacientes com TEA.
Embora os estudos ainda estejam em andamento, muitos pais e médicos relatam melhora na qualidade de vida com o uso controlado do canabidiol. Saiba mais sobre como a cannabis pode auxiliar no tratamento de pacientes com TEA.
CBD em doenças neurodegenerativas
O potencial neuroprotetor do CBD tem sido estudado em doenças como Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla.
No caso da esclerose múltipla, o canabidiol pode auxiliar na redução de espasticidade muscular. Em pacientes com Parkinson, há relatos de melhora no sono e na qualidade de vida geral.
Canabidiol para depressão
Embora ainda em fase de investigação, há indícios de que o CBD possa ter efeito antidepressivo, também ligado à sua ação nos receptores de serotonina. Essa possibilidade abre caminho para terapias complementares menos invasivas no tratamento da depressão.
Uso do CBD em oncologia
Pacientes com câncer têm encontrado no CBD um aliado contra náuseas, vômitos e dor relacionados à quimioterapia. Além disso, ele pode ajudar a melhorar o apetite e o bem-estar durante o tratamento.
Vale destacar que o CBD não é um tratamento curativo para o câncer, mas pode ser um recurso complementar dentro do acompanhamento médico.
Se você ainda não está confiante na prescrição de cannabis para seu paciente, confira nosso guia completo de melhores práticas na prescrição de canabidiol.
Outras condições estudadas com CBD
Além das já citadas, há pesquisas em andamento sobre para que serve o canabidiol em condições como:
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Glaucoma
- Síndrome do Intestino Irritável
- Enxaqueca
- Doenças inflamatórias autoimunes
- Dependência química (como redução do uso de álcool e opioides)
Formas farmacêuticas e concentrações do CBD
O canabidiol pode ser encontrado em diferentes apresentações:
- Óleos e soluções sublinguais (os mais comuns no Brasil)
- Cápsulas e comprimidos
- Cremes e pomadas tópicas
- Gummies e alimentos infusionados
A escolha depende da condição a ser tratada e da recomendação médica.
No Brasil, os produtos disponíveis pelas associações ou via importação podem variar bastante em concentração e composição, indo desde óleos isolados até fórmulas de espectro completo (full spectrum), que incluem outros canabinoides e terpenos.
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Segurança e efeitos colaterais do canabidiol
De maneira geral, o CBD é considerado seguro, mas como qualquer substância, pode apresentar efeitos adversos, especialmente em doses elevadas. Entre os mais relatados estão:
- Sonolência
- Alterações no apetite
- Diarreia
- Fadiga
É essencial que o uso seja feito com acompanhamento médico, já que o CBD pode interagir com outros medicamentos, como anticonvulsivantes e anticoagulantes.
Como prescrever CBD no Brasil?
No Brasil, o CBD pode ser prescrito por médicos de qualquer especialidade, além de dentistas e veterinários. Atualmente, há três principais formas de acesso:
- Associações de pacientes
- Importação direta via Anvisa
- Produtos nacionais regulamentados pela RDC 327/2019
Nos dois primeiros casos, a prescrição pode ser feita com receita do tipo C1, acompanhada de certificado digital ou carimbo do médico. Já os produtos enquadrados na RDC 327 exigem receita de controle especial em duas vias.
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Saber para que serve o canabidiol é essencial tanto para profissionais da saúde quanto para pacientes em busca de alternativas seguras e eficazes. Hoje, já temos evidências sólidas do uso do CBD em epilepsia, ansiedade, dor crônica e distúrbios do sono, além de estudos promissores em autismo, depressão e doenças neurodegenerativas.
No Brasil, a regulamentação permite que pacientes tenham acesso ao canabidiol de forma legal e segura, desde que com acompanhamento médico. E plataformas como o Kaya Doc tornam esse processo ainda mais confiável, trazendo informação científica e ferramentas práticas para prescritores.
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Referências
- Devinsky O, et al. Trial of Cannabidiol for Drug-Resistant Seizures in the Dravet Syndrome. N Engl J Med. 2017.
- Shannon S, et al. Cannabidiol in Anxiety and Sleep: A Large Case Series. Perm J. 2019.
- Aran A, et al. Cannabidiol in Autism Spectrum Disorder. Front Pharmacol. 2019.
- World Health Organization. Critical Review Report on Cannabidiol (CBD). WHO, 2018.
