Prescrição de canabidiol
Tempo de leitura: 7 minutos

Segundo o Anuário da Cannabis Medicinal de 2024, produzido pela Kaya, o potencial tamanho de mercado da cannabis medicinal – desconsiderando condições transversais como dor, estresse e problemas do sono – são +9,4 bilhões somente no Brasil. Por esse motivo, a prescrição de canabidiol é tão importante para a saúde do paciente. 

Acompanhe com a gente 10 dicas para você – médico e dentista – aplicar na sua prática terapêutica e ter sucesso no tratamento das mais variadas condições que acometem as pessoas no decorrer de suas vidas. A Kaya e a plataforma Kaya Doc está aqui para ser um guia, com conteúdos, ferramentas e todo o suporte necessário na prescrição canábica. 

O que significa prescrição de canabidiol? 

Prescrição de canabidiol

A prescrição de CBD é um tema crescente na prática médica, principalmente à medida que o uso de produtos à base de cannabis se torna cada vez mais acessível e reconhecido no tratamento de diversas condições clínicas. O canabidiol, um dos principais compostos presentes na planta de cannabis, tem sido estudado por suas propriedades terapêuticas, como o alívio da dor crônica, o controle de crises epilépticas, a redução da ansiedade, entre outros benefícios potenciais.  

Contudo, a prescrição de CBD exige um conhecimento aprofundado, além de uma abordagem cuidadosa e responsável. Ao prescrever canabidiol, o médico deve ter clareza sobre os tipos de produtos disponíveis no mercado, suas indicações específicas, dosagens e possíveis efeitos colaterais.  

Mais do que isso, é essencial garantir que o paciente compreenda a proposta terapêutica e que o tratamento seja monitorado de forma contínua. 

Quem pode prescrever cannabis? 

No Brasil, a prescrição de canabidiol está regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e é permitida para médicos de diversas especialidades, desde que atendam a alguns critérios e normas. Entre as especialidades que mais frequentemente lidam com o uso de canabidiol, destacam-se: 

  • Neurologistas, principalmente no tratamento de epilepsia resistente a medicamentos convencionais; 
  • Psiquiatras, no manejo de condições como transtornos de ansiedade, depressão e outros distúrbios psiquiátricos
  • Clínicos gerais, para pacientes que buscam o alívio da dor crônica; 
  • Reumatologistas e ortopedistas, no contexto de doenças autoimunes e distúrbios musculoesqueléticos. 

Além disso, o médico deve estar atento à regulamentação vigente e às orientações da ANVISA, que exigem uma prescrição criteriosa, com informações detalhadas sobre a dosagem e a duração do tratamento. A prescrição também deve ser registrada de forma precisa para garantir o acompanhamento adequado do paciente. 

10 dicas para prescrição de canabidiol 

A prescrição de canabidiol deve ser realizada de maneira meticulosa, levando em consideração diversos fatores clínicos e legais. Vamos apresentar 10 dicas detalhadas que ajudarão os médicos e dentistas a conduzir esse tratamento com responsabilidade, garantindo a eficácia e a segurança dos pacientes. 

1. Conheça as indicações terapêuticas do canabidiol 

Dicas para Prescrição de canabidiol

É essencial que o médico tenha um conhecimento aprofundado sobre as condições que podem ser tratadas com canabidiol. O CBD tem demonstrado eficácia em diversos estudos científicos, sendo indicado principalmente para: 

  • Epilepsia refratária: O CBD tem se mostrado eficaz no controle de crises em casos de epilepsia resistente aos medicamentos convencionais, especialmente em crianças com Síndrome de Dravet e Síndrome de Lennox-Gastaut
  • Dor crônica: O canabidiol tem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, sendo utilizado no tratamento de dores crônicas, como nas doenças reumáticas (artrite, fibromialgia) e neuropáticas. 
  • Transtornos psiquiátricos: O CBD tem um papel promissor no manejo de condições como transtornos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, embora os estudos ainda estejam em evolução. 
  • Doenças neurodegenerativas: Existem pesquisas que indicam que o CBD pode ajudar na redução dos sintomas de doenças como Parkinson e Alzheimer, devido às suas propriedades neuroprotetoras. 

Conhecer essas indicações e avaliar a evidência científica disponível é fundamental para garantir que a prescrição seja realmente necessária e eficaz para o paciente. 

2. Escolha o produto adequado 

O mercado de produtos à base de canabidiol é amplo e diversificado, com diferentes formulações (óleos, cápsulas, cremes, entre outros) e concentrações. Ao prescrever CBD, o profissional da saúde deve: 

  • Verificar a qualidade do produto: Certifique-se de que o produto é de uma marca regulamentada e que possua a certificação de qualidade, incluindo o selo de boas práticas de fabricação. A ANVISA estabelece normas rigorosas para garantir a segurança dos produtos disponíveis. 
  • Selecionar a forma de administração adequada: Dependendo da condição do paciente, algumas formas de administração são mais apropriadas do que outras. Óleos e tinturas sublinguais têm absorção mais rápida, enquanto cápsulas podem ser mais convenientes para pacientes que preferem doses precisas. 
  • Verificar a concentração de CBD: Produtos com diferentes concentrações de CBD estão disponíveis, e a escolha da concentração deve levar em conta a condição clínica do paciente e sua tolerância. 

3. Determine a dosagem correta e faça uma titulação gradual 

A dosagem de canabidiol deve ser cuidadosamente ajustada, pois cada paciente pode reagir de maneira diferente ao tratamento. Para isso, a titulação gradual é um método recomendável. Comece com uma dose baixa e aumente progressivamente até encontrar a dose eficaz. Algumas considerações importantes: 

  • Comece com doses baixas: Inicie com uma dose baixa e aumente gradualmente, por exemplo, 2,5 mg de CBD por dia, aumentando de 2,5 mg a cada 3-7 dias, até atingir a dose eficaz. 
  • Dosagem personalizada: A dosagem ideal depende de fatores como o peso do paciente, a gravidade da condição, e o tipo de produto. Não existe uma dose única para todos, por isso, a observação da resposta clínica é crucial. 
  • Monitoramento constante: Acompanhamento regular é necessário para ajustar a dosagem e garantir que o tratamento esteja funcionando de maneira eficaz e sem efeitos colaterais. 

4. Esteja atento aos efeitos colaterais 

Embora o canabidiol seja geralmente bem tolerado, alguns efeitos adversos podem ocorrer. Os efeitos mais comuns incluem: 

  • Sonolência e fadiga: Em algumas pessoas, especialmente quando em doses elevadas, o CBD pode causar sonolência. Isso pode ser um efeito desejado em pacientes com distúrbios do sono, mas é necessário monitorar. 
  • Alterações no apetite e no peso: O CBD pode ter um efeito sobre o apetite, levando a um aumento ou diminuição da ingestão alimentar
  • Distúrbios gastrointestinais: Alguns pacientes podem relatar desconforto gastrointestinal, como diarreia ou náuseas, especialmente nas fases iniciais do tratamento. 

É importante comunicar esses possíveis efeitos ao paciente e monitorar de perto durante as primeiras semanas de tratamento. Se efeitos adversos forem severos ou persistirem, a dose deve ser reduzida ou o tratamento interrompido. 

5. Registre a prescrição de forma detalhada 

A prescrição de canabidiol deve ser realizada de maneira detalhada e documentada. Você deve incluir informações precisas sobre: 

  • Dosagem e forma de administração: Especifique claramente a dose diária, o tipo de produto e a concentração de CBD. 
  • Duração do tratamento: Indique o período durante o qual o paciente deverá usar o produto, além de orientar sobre a necessidade de reavaliação periódica. 
  • Objetivos terapêuticos: Descreva claramente os objetivos do tratamento, seja o controle de dor, redução das crises epilépticas, ou alívio da ansiedade, para ajudar no acompanhamento e na avaliação da eficácia. 

Esse registro é crucial para o seguimento e deve ser mantido no prontuário do paciente, além de garantir que o tratamento esteja em conformidade com as normativas da ANVISA. 

6. Atenção às interações medicamentosas 

O canabidiol pode interagir com diversos medicamentos, especialmente aqueles metabolizados pelo fígado. Essas interações podem alterar a eficácia dos medicamentos ou aumentar o risco de efeitos adversos. Alguns exemplos incluem: 

  • Anticoagulantes: O CBD pode aumentar os efeitos de anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de sangramentos. 
  • Antiepilépticos: Pode interagir com medicamentos usados no controle de crises, como fenitoína, carbamazepina e valproato, alterando seus níveis no sangue. 
  • Inibidores da CYP450: O CBD pode afetar enzimas hepáticas envolvidas no metabolismo de diversos medicamentos, como benzodiazepínicos, antidepressivos e antipsicóticos. 

Por isso, é fundamental revisar todas as medicações que o paciente já usa e monitorar os efeitos do CBD com rigor. Em alguns casos, ajustes nas doses dos outros medicamentos podem ser necessários. 

7. Explique o tratamento ao paciente 

Explique o tratamento

A educação do paciente é um dos pilares para o sucesso do tratamento com CBD. A comunicação clara e empática é fundamental, incluindo: 

  • Objetivos do tratamento: Explique ao paciente por que o canabidiol foi prescrito, quais condições ele pode ajudar a melhorar e como deve ser usado. 
  • Possíveis efeitos colaterais: Informe sobre os efeitos adversos mais comuns e o que fazer caso o paciente experimente algum sintoma indesejado. 
  • Expectativas realistas: Deixe claro que o efeito do CBD pode levar algum tempo para se manifestar e que o tratamento deve ser monitorado com regularidade para ajustes na dosagem, se necessário. 

Essa abordagem ajuda a criar uma relação de confiança entre médico e paciente, o que é essencial para o sucesso do tratamento. 

8. Acompanhe o paciente de forma contínua 

O monitoramento contínuo é essencial para ajustar o tratamento e garantir sua eficácia. Alguns pontos importantes para um bom acompanhamento incluem: 

Verifique regularmente se os objetivos do tratamento estão sendo alcançados. No caso de dor crônica, por exemplo, o paciente deve ser questionado sobre a redução da dor e a melhora na qualidade de vida. Além disso, se os efeitos terapêuticos não forem adequados ou se o paciente apresentar efeitos colaterais, a dosagem pode precisar ser ajustada. 

Realize consultas periódicas, especialmente nas primeiras semanas de tratamento, para avaliar a resposta e a tolerabilidade do paciente ao CBD. 

9. Mantenha-se atualizado sobre os estudos científicos 

A pesquisa sobre o canabidiol e suas indicações terapêuticas está em constante evolução. Novos estudos e dados estão sempre surgindo, e o profissional deve estar atento às mudanças e descobertas nesse campo.  

Você pode participar de eventos científicos, simpósios e webinars sobre cannabis medicinal. Além disso, esteja atento às novas publicações científicas sobre a eficácia do CBD e novas indicações terapêuticas. 

Isso garantirá que o médico esteja sempre atualizado sobre as melhores práticas e novas evidências para uma prescrição segura e eficaz. 

10. Esteja ciente da regulamentação legal 

A prescrição de canabidiol deve estar em total conformidade com a regulamentação vigente. A ANVISA e outras autoridades de saúde têm normas específicas para o uso de medicamentos à base de cannabis, e é fundamental que o médico esteja ciente exigências. 

Para os profissionais que estão buscando inovar no método de prescrição, o Kaya Doc é a ferramenta ideal. Você terá acesso a uma biblioteca de estudos científicos atualizados sobre cannabis medicinal, poderá comparar produtos regulamentados para escolher o que melhor se encaixa no tratamento e ter acesso a lista completa dos produtos à base de cannabis regulamentados! 

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Jorge Léo
Jorge Léo
7 meses atrás

Excelente texto.

marcela
Admin
5 dias atrás
Responder para  Jorge Léo

Obrigada pelo comentário, Jorge! Ficamos gratos em saber que você gostou do texto. 😊