analise de oleos de cannabis
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Pesquisadores do CIATox/Unicamp analisam óleos de cannabis enviados por pacientes e associações para avaliar sua composição, concentração real de canabinoides e possíveis contaminantes. O objetivo é garantir mais qualidade, eficácia terapêutica e segurança para os tratamentos. 

analise de oleos de cannabis

O que está em um óleo de cannabis medicinal? 

Os óleos de cannabis são compostos por dezenas de substâncias que atuam no organismo humano de formas variadas. As principais são os canabinoides — como o CBD (canabidiol), THC (tetrahidrocanabinol), suas formas ácidas (CBDA, THCA), e os canabinoides menores (CBG, CBN) — e os terpenos, que influenciam aroma, sabor e até o efeito terapêutico. A depender da genética da planta e do modo de extração, cada óleo pode ter uma composição bem diferente. 

CIATox/Unicamp: ciência aplicada ao controle de qualidade 

Desde 2015, quando a Anvisa autorizou a importação de produtos à base de cannabis, o Brasil vem assistindo a um crescimento expressivo no uso medicinal da planta. Diante disso, o CIATox da Unicamp decidiu usar seu conhecimento em toxicologia para avaliar amostras de óleos de cannabis enviados por associações e pacientes autorizados. 

O objetivo? Garantir que os produtos realmente entreguem o que prometem. Em um mercado ainda em desenvolvimento, essa iniciativa ajuda a evitar que pacientes usem substâncias com composição incerta, o que pode comprometer o tratamento e até gerar efeitos adversos. 

Como funciona a análise dos óleos de cannabis? 

As análises são feitas por meio de técnicas avançadas de cromatografia líquida ou gasosa, combinadas com espectrometria de massas. Esses métodos permitem identificar e quantificar até dez tipos de canabinoides diferentes. Os pesquisadores também estão começando a mapear terpenos e buscar contaminantes como: 

  • Metais pesados 
  • Solventes residuais 
  • Pesticidas 
  • Fungos e micro-organismos 

O papel dos terpenos e a importância da composição completa 

Terpenos como mirceno, limoneno, linalol e cariofileno não apenas conferem aroma à cannabis, mas também podem potencializar ou modular os efeitos dos canabinoides. Por isso, o CIATox também passou a investigar esses compostos nas amostras analisadas. 

Segundo os pesquisadores, entender o perfil completo do óleo — e não apenas o percentual de CBD ou THC — é essencial para garantir tratamentos eficazes. Produtos com baixa concentração ou composição divergente da rotulagem são um risco real para quem depende desses óleos. 

Regulamentação, desafios e burocracia 

Apesar da importância do projeto, o CIATox enfrentou resistência. Após a iniciativa ganhar visibilidade, a Anvisa chegou a notificar o laboratório, alegando que ele estaria prestando um serviço de controle de qualidade — algo que seria proibido. No entanto, trata-se de uma pesquisa acadêmica com forte valor social. 

Com o apoio da Unicamp, o projeto pôde continuar. Mas a burocracia ainda atrasa as ações. Em 2023, a Alesp aprovou R$ 180 mil para análise de 300 amostras, mas a liberação dos recursos e das autorizações internas só ocorreu no início de 2025. 

Saiba como identificar se um produto à base de cannabis é realmente regulamentado: Como saber se um produto à base de cannabis é aprovado pela Anvisa? 

Impacto social e futuro da pesquisa 

As análises feitas pelo CIATox não são apenas um trabalho técnico. Elas representam uma ponte entre ciência e sociedade. Os dados obtidos ajudam a pressionar por mais transparência no setor, ampliam o debate regulatório e fortalecem a atuação das associações que produzem óleos de cannabis no Brasil. 

“É com base nos resultados científicos que conseguiremos auxiliar e nortear as agências regulatórias e o governo a estruturar uma legislação justa”, afirma João Gouvea, doutorando do CIATox. 

A importância de conhecer o que se consome 

A analise da Unicamp sobre os óleos de cannabis mostra que é possível unir ciência e acesso à saúde. Em um cenário onde ainda faltam padronização e fiscalização rigorosa, iniciativas como essa fazem toda a diferença para garantir segurança, eficácia e justiça no uso medicinal da planta. 

Para médicos, farmacêuticos e pacientes, a lição é clara: conhecer o perfil químico dos óleos de cannabis é essencial para uma prescrição segura e eficaz. E, nesse processo, a atuação de universidades públicas e centros de pesquisa pode ser decisiva para moldar o futuro da cannabis medicinal no Brasil. 

Se você é profissional de saúde e quer comparar a composição de diferentes óleos, incluindo a visualização do COA (Certificado de Análise), acesse gratuitamente o Comparador de Produtos do Kaya Doc. Ferramentas como essa ajudam a garantir mais precisão e segurança nas suas prescrições. 

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