Quando falamos em cannabis medicinal, é comum reduzir o debate as duas principais moléculas, o Δ9-THC e o CBD. Entretanto, a canabis produz mais de 120 fitocanabinoides podendo, segundo a sua estrutura química, ser classificado em três tipos de canabinoides. Os três grupos são: canabinoides neutros, canabinoides ácidos e canabinoides varínicos.
A visão de arcabouço farmacológico da canabis com apenas as formas neutras do o Δ9-THC e o CBD pode limitar o potencial terapêutico para os seus pacientes.
E é justamente aqui, na compreensão da diversidade molecular da canabis e os tipos de canabinoides que a prática clínica pode evoluir!
Canabinoides Neutros
Os canabinoides neutros são, normalmente, as moléculas mais conhecidas pela maioria da população devido ao seu amplo potencial medicinal.
- Representantes: Δ9-THC, CBG, CBC, CBD e CBN.
- Potencial farmacológico: neuroprotetor, antiemético, anti-inflamatório e ansiolítico.
- Indicações: dor crônica, anorexia, epilepsia refratária e para o suporte oncológico.
Entretanto, esses potenciais farmacológicos não se limitam apenas as formas neutras e se estendem as formas ácidas e varínicas.
Canabinoides Ácidos
Os canabinoides ácidos são uma junção das moléculas neutras com a adição de um grupo chamado ácido carboxílico. A adição do grupo ácido é demonstrada nas siglas com a adição do sufixo “A”.
- Representantes: Δ9-THCA, CBGA, CBCA, CBDA e CBNA.
- Potêncial farmacológico: anticonvulsivante, analgesia, neuroprotetor e anti-inflamatório.
- Indicações: de inflamações e doenças intestinais.
Além de apenas precursores metabólicos, como acreditado antigamente, as formas ácidas apresentam um grande potêncial medicinal. Indicando que até as formas de preparo e armazenamento da Cannabis podem impactar o perfil terapêutico final do produto.
Canabinoides Varínicos
Os canabinoides varínicos consistem em canabinoides com a cadeia alifática com apenas 3 carbonos ao invés do usual que apresenta 5 carbonos. A substituição dessa cadeia é demonstrada a partir da adição do sufixo “V” as siglas existentes.
- Representantes: Δ9-THCV, CBGV, CBCV, CBDV e CBNV.
- Potêncial farmacológico: anti-inflamatório, analgesia, anticonvulsivante, modulação de apetite e controle glicêmico.
- Indicações: obesidade, diabetes e epilepsia refratária.
Aqui está a fronteira da pesquisa: canabinoides que não apenas replicam efeitos conhecidos, mas abrem novas indicações terapêuticas.
Por que isso importa para você, prescritor?
Porque cada classe traz alvos diferentes, perfis de segurança distintos e oportunidades terapêuticas para explorar os efeitos individuais e o efeito entourage. Não conhecer a diversidade dos tipos de canabinoides e os seus potenciais é limitar seu arcabouço clínico. Por fim, entender essas diferenças é caminhar rumo a medicina personalizada, através de protocolos seguros e eficazes.
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E você, já considerou como os canabinoides ácidos ou varínicos podem mudar o futuro das prescrições no seu consultório?
● ElSohly, M. A. & Gul, W. (2020). Constituents of Cannabis sativa. Handbook of Cannabis and Related Pathologies. ScienceDirect. Link
● Guo, S. et al. (2024). Therapeutic potential of minor cannabinoids. Frontiers in Pharmacology. PMC. Link
● Anderson, L. L. et al. (2019). Cannabidiolic acid prevents seizures in Scn1a RX/+ mice. ACS Publications. Link
● Zang, Y. et al. (2025). Anti-inflammatory effects of THCA in intestinal disease models. Frontiers in Pharmacology. Link
Canabinoides Varínicos
● Pertwee, R. G. et al. (2023). The pharmacology of varinic cannabinoids (THCV, CBDV, CBGV). MDPI – Cannabis Research. Link
● Wargent, E. T. et al. (2024). Tetrahydrocannabivarin (THCV) improves glucose tolerance in murine models. Nature Scientific Reports. Link
Revisões complementares
● Citti, C. et al. (2016). Minor cannabinoids: pharmacological potential and therapeutic perspectives. Journal of Cannabis Research. Link
● Mechoulam, R. & Parker, L. (2013). The therapeutic effects of minor phytocannabinoids. British Journal of Pharmacology. PMC. Link
